Translate

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Fome - Capítulo 1 - A Caçada

Noite de lua nova, perfeita para caçar.
Com a visibilidade praticamente nula, o alce juvenil apenas se pode orientar através da sua audição e olfacto apurados, mas isso hoje não lhe vai servir de nada. O vento está a meu favor e sou praticamente inaudível.
Comendo a relva verde dos fins de outono, o alce está distraído. É a altura perfeita.
Com um lance rápido, o alce apenas se apercebe de mim quando a minha boca está a centímetros do seu pescoço. Com um golpe rápido mordo-lhe o pescoço e fazendo força separo-lhe a espinha, morrendo quase de imediato, o alce esvaíra-se em sangue.
Enquanto a carne ainda está quente devoro-lhe as coxas traseiras, onde a carne é mais tenra e menos gordurenta, raspando a pele com as patas. Termino a minha enorme refeição a meio, já satisfeita.
Não escondo o cadáver meio comido. Em tempos de escassez teria de o esconder para depois o comer, contudo, aqui, em Anchorage, no Alasca, os alces abundam, sendo mesmo considerados uma praga destrutiva.
Oiço um uivo distante, seguido de outro, e uivo também. São os meus pais e chegou a hora de ir para casa.
Correndo pela bonita floresta perto dos subúrbios, aprecio a sensação maravilhosa do vento no meu pelo preto.
Não demorei mais de cinco minutos até chegar à borda que separa a civilização da floresta, onde já lá está um enorme lobo preto do tamanho de um urso polar à minha espera, também conhecido por Laurence Wolford, banqueiro e meu pai. Pelo sangue no seu focinho, patas e barriga tinha feito uma excelente matança. Um lobo castanho chocolate muito mais pequeno que o meu pai e ligeiramente mais pequeno do que eu, a minha mãe, tinha chegado, e trazia um monte de roupas que estavam escondidas debaixo de uns arbustos, na boca.
Transformámo-nos. Apesar de ser um pouco constrangedor vestirmo-nos à frente dos nossos pais, para mim, já é habitual. Desde que era uma criança de sete anos, que quase nem à cintura do meu enorme pai de dois metros chegava, já andava a caçar coelhos e outros pequenos animais.
Fomos para o SUV do meu pai até à nossa simples mas espaçosa casa.
Depois de um longo, quente e delicioso banho fui-me deitar e aterrei logo.
A Fome está saciada...pelo menos por agora, ela volta sempre.


Espero que gostem!