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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Eddie - Parte 2

Olá gente! Desculpem!!! Isto atrasou-se devido às férias... muita coisa pa fazer, pouco tempo para a fazer... Era para ter sido publicada a semana passada, por isso peço imensas desculpas! Mas espero que gostem na mesma! =D


Eddie
Parte 2
Eddie abriu os olhos subitamente quando sentiu uma dor agonizante trespassar-lhe a cabeça. Tinha caído do sofá de Haley, novamente, e batido com a cabeça na mesa de café que se encontrava ao lado do sofá. Já era a segunda vez aquela noite que ele caíra do sofá por causa dos sonhos.
No primeiro, relembrou o dia em que fugiu de Apollo. Eddie era o cão doméstico de Apollo, treinado para ser o seu cão de guarda. Só era autorizado a estar na sua forma de liobo, então, quando fugiu, Karl teve grandes dificuldades em controla-lo. Ele atacava todos os que encontrava, basicamente, deixou o seu instinto animal tomar conta dele. Karl, durante estes dois mil anos, apenas teve tempo de lhe ensinar o básico: como controlar a sua animalidade, como manter-se na sua forma humana. Tinham dito a Karl que a sua missão era apenas de o manter vivo e mantê-lo sob controlo, já que não havia mais nada que pudesse fazer por ele. A profecia ditava que apenas a caçadora o conseguiria domar e, sim, a profecia tornara-se verdade. Desde que estava na companhia de Haley aprendera bastante. Mas não conseguia livrar-se daquela maldição que Apollo lhe lançou quando descobriu onde estava. Ter de ir à rua todos os dias… “Que treta!” Ele pensou.
Eddie caiu do sofá quando reviveu o feitiço que Apollo lhe lançara. Foi no preciso momento que o raio lhe caiu em cima, no sonho, que ele caiu do sofá. O sonho tinha sido tão real que ele saltou inconscientemente. Como ele detestava Apollo e tudo relacionado com os deuses gregos. Quando Karl o adoptou, deu-lhe uma escolha, coisa que nunca lhe tinham proporcionado. Ele era livre de escolher a sua religião. Como Karl era uma espécie de Cristão, ele decidiu ver como era essa religião, uma vez que já teria lido o livro sagrado enquanto era escravo. Tinha sido a primeira e última vez que Apollo lhe oferecera alguma coisa e só lho dera por ver que as blasfémias que aquilo continha não lhe interessavam.
Ele respirou fundo tentando esquecer o segundo sonho que resultara novamente numa queda. Respirar fundo não o ajudou a acalmar-se. Ele continuava bastante agitado porque tinha uma forte sensação que Haley não estava bem. Talvez fosse de não a ver há mais de 20 horas… Maldita reunião de caçadores. Levantando-se do chão, ele ponderava se haveria de esperar mais ou ir já atras dela quando um barulho na cozinha o desinquietou. Cheio de esperanças que fosse Haley, em poucos segundos já se encontrava na cozinha, apenas para ficar desapontado quando viu que o barulho provinha de um pequeno roedor que tinha sido capturado numa ratoeira. Este pensamento fê-lo relembrar logo de imediato o sonho que tinha acabado de ter que resultara na segunda queda. Esse sonho tinha sido que Haley estava no meio de uma emboscada e que se encontrava presa numa cela nos subúrbios da cidade, enquanto o seu caçador pensava qual seria a melhor maneira de a entregar: se viva ou morta. “Não!” Ele pensou. Mesmo que fosse mentira, ele iria atrás dela só para ter a certeza de que estava tudo bem, porque ele não conseguia livrar-se daquela sensação.
Saiu porta fora, trancando-a, e correu para o fim da rua. Uns trezentos metros mais à frente, ele estava na entrada da floresta. Transformando-se em liobo e depois de ter escondido a roupa que Haley lhe comprou numa mochila, atou-a a uma árvore. Agora seria mais fácil encontrar Haley. Era só seguir o seu rasto. Ela tinha um aroma a lima misturado com jasmim, madeira e um toque muito ligeiro a almíscar. Ou seja, irresistível, fresco, activo e não desaparecia facilmente, o que era mau por um lado porque, se alguém a quisesse matar ou encontrá-la, fá-lo-ia com muita facilidade. Mas nesse preciso momento, ajudava-o bastante. Se pelo caminho aparece-se algum un-dead, melhor.
Meia hora e bastantes quilómetros depois, ele tinha finalmente chegado a uma majestosa casa que se encontrava a cair aos bocados. A cor, outrora branca nos seus tempos de glória, agora estava num tom cinzento. Tinha quatro andares e perto de dez janelas viradas para a frente que estavam todas tapadas com tijolos. A porta da frente apresentava claramente marcas de que alguém teria forçado a sua entrada. Mantendo a sua forma de liobo, Eddie aproximou-se da entrada. Ao contrário de Haley, os un-dead tinham um cheiro a podre e a sangue fresco pouco activo, o que os tornava mais perigosos porque só dava para dar por eles quando estivessem dentro do campo de visão. Não havia avisos prévios. Isto seria para que ninguém encontra-se o seu “ninho” que daria ao sítio onde o chefe se encontrava. Era um pouco como as abelhas: havia as trabalhadoras que iam recolher o pólen para fazer o mel e a rainha. Os chefes eram como as rainhas e os un-dead eram como as trabalhadoras, só que em vez de recolher pólen, recolhiam “outro pólen”. Pelo que Haley e Karl lhe disseram, esta raça fazia parte dos caça-recompensas que decorria no subsolo. Se alguém quisesse uma pessoa ou coisa morta, bastava afixar cartazes e espalhar a mensagem. Dentro de poucos dias, senão fossem horas (tudo dependia do que fosse a presa), ela seria capturada. Claro que os un-dead eram só uma parte da rede. Os caça-recompensas mais inteligentes, normalmente usam os un-dead como isco só para ver se o predador é forte ou não, pois os un-dead são mesmo estúpidos. O caça-recompensas chamado Hunter era o pior. Todos tentavam segui-lo apesar de ser um ídolo para muitos, andava cá há bastantes anos e nunca tinha sido capturado. Ele era o número um das coisas mais perigosas que havia por aí. Ninguém sabia exactamente o que ele era, mas todos concordavam que não era humano… muito longe disso.
Mantendo todos os sentidos em alerta vermelho, ele entrou. Havia umas armadilhas lá colocadas que eram para humanos. Naturalmente, eles deviam ter esperanças que fosse um humano a ir salvar Haley. Saltando habilidosamente por cima delas, Eddie evitou uma morte ou captura para um humano. Ele, por esta altura, sabia perfeitamente que o seu segundo sonho não tinha sido um sonho. Quando chegou á gruta onde tinha sonhado que a Haley se encontrava, estava tudo igual ao sonho com uma excepção… faltava ela. Ele encontrou a sua M-16 no chão, o que não era bom sinal… Também estava na gruta um toque de cheiro a podre, o que significaria que ela não tinha sido levada há muito tempo, logo ainda teria hipótese de a salvar se chegasse a tempo. No meio do chão encontrava-se uma nota deixada por Hunter. Dizia:
“Para quem disser respeito,
                Eu raptei a Haley e se o Karl Gray não aparecer até às oito da noite de hoje, ela morre e de seguida continuarei a extinguir todos os caçadores até o encontrar.
Hunter”                       
Após o salto por cima de algumas armadilhas, Eddie encontrara-se numa encruzilhada. Haviam escadas para o próximo andar, um corredor à esquerda e outro à direita. O cheiro a Haley vinha de todas as direcções. Hunter tinha sido cuidadoso mas isso não o impediria de a salvar. Já se aproximava das nove da manhã e o sol já começava a brilhar. A luz que entrava pela porta era a única iluminação naquele sítio sombrio. Ele ainda não se tinha exposto ao sol nesse dia, o que o fez lembrar que morreria se não fosse a tempo. Também, isso não importaria desde conseguisse salvar Haley e ainda tinha sete horas pela frente. Tinha de calhar logo no dia mais curto do ano…
O cheiro encontrava-se mais intenso na direcção das escadas, por isso Eddie subiu o lance de escadas. No primeiro andar, encontrava-se o cheiro dela, mais intenso, em todas as direcções. Ela teria de estar por detrás de uma daquelas quinze portas. Será que teria de entrar em todas as portas? Lindo, não facilitam nada também…
Ouvindo um barulho proveniente do andar de cima, ele ficou alarmado, então entrou dentro da primeira porta á direita. Fechando a porta com o focinho, só teve tempo de se virar e encontrar três un-dead e a Haley a apontar-lhe uma pistola. Ele não acreditava no que se passava ali! O que raio estaria ela a fazer a apontar-lhe uma pistola?? Mesmo que não estivesse a apontar-lhe uma arma, havia qualquer coisa nela que não estava bem, ela tinha uma saia vestida. Isso não era nada normal! Ela contara-lhe que detestava estar de saia e que nem conseguia estar confortável de saia. Ora, aquela imitação barata estava bem confortável! Depois, também estava satisfeita de estar com uma Glock 17, tendo uma espingarda micro-SD preta e toda carregada de munições no canto do quarto. A Haley preferiria a espingarda… Isso então era o mais estranho! Ele não hesitou mais e atacou-os. A única maneira de Eddie os conseguir matar seria arrancar-lhes a cabeça com os dentes, que são venenosos para os un-dead. Mas, embora esta maneira fosse boa, ele preferia a técnica de Haley porque tinha uma munição especial que assim que perfurava o corpo dos un-dead, libertava umas toxinas, matando-os. Isto não exigiria qualquer contacto físico que poderia enfraquece-lo e até mata-lo.
Eddie avançou para o que se encontrava mais perto dele e, atirando-se a ele, derrubou-o e conseguiu arrancar-lhe a cabeça, espalhando sangue de um tom entre o vermelho e o azul pelo chão do quarto. Os outros dois, ao verem o que aconteceu ao amigo, avançaram para o matar mas ele, tendo reflexos mais rápidos, conseguiu dar uma patada a ambos, atirando-os ao chão como se fossem dominós. Enquanto ele tratava desses dois, um outro un-dead entrou. De início tentou proteger a Haley falsa mas, ao ver o que acontecera ao seu amigo, avançou para o liobo com uma faca, perfurando-lhe o ombro. Eddie ganiu, cheio de dores. Acabando de matar o que estava no chão debaixo dele, avançou logo para o da faca, que entretanto se afastara. Enquanto ele estava entretido com esses dois últimos un-deads do grupo de quatro, a Haley falsa saiu do quarto e fez soar o alarme. Eddie tinha acabado de matar o último un-dead que ali se encontrava quando múltiplas coisas aconteceram.
Uma voz disse “Alarme silencioso activado”, um ruido numa frequência muito baixa seguiu-se, provocando-lhe uma forte dor nos ouvidos, fazendo-o mudar de forma e deixar cair a bolsa que transportava. Neste momento estava com a M-16 e as munições que encontrou na gruta e os medicamentos que Karl lhe dera. O cheiro intenso a Haley que vinha de todo o lado deixou de existir, deixando apenas um rasto.
Ouviu-se o que parecia um tremor de terra a descer as escadas. Eddie só teve tempo de vestir umas calças que estavam num roupeiro lá do quarto e agarrar na M-16 da Haley. Naquilo, estavam uns dez un-deads na entrada do quarto. Eddie começou a disparar sobre eles. Tinha de apontar para a cabeça. Esse era o ponto fraco deles porque, embora as munições libertassem toxinas mortíferas, demorariam cerca de meia hora a morrer e neste momento todo o tempo era precioso. “Graças a deus que aquela arma era automática,” pensou ele. Nunca tinha usado uma arma, mas tinha visto um filme com Haley onde percebera como se fazia.
Depois de ter acabado com a vida daqueles un-deads, ele muniu-se das balas que estavam na sua bolsa, que estava caída no chão. Agora que tinha um pouco mais de sossego, reparou que em cima de uma cama estavam mais meia dúzia de armas que, pelo aspecto, ainda trabalhavam. Ele agarrou numa das M-16 que estavam a cair de podre… que irónico seria deixar este quarto com catorze corpos que cheiravam a podre, num quarto que já estava todo podre. Ele iria deixa-los no seu lugar legitimo.
Uma vez que a ferida do seu ombro já estava quase curada, devido a um líquido dourado que Karl lhe dera para curar feridas rapidamente, ele pôs a M-16 da Haley atravessada às costas a correia a passar de um lado ao outro do seu torso na diagonal. Agarrou na outra, que tinha pousado para se consertar, e retomou a sua busca.
Saiu do quarto, seguindo o rasto que sobrou após a activação do alarme. O seu olfacto não era tao forte enquanto humano como enquanto liobo mas era o suficiente para notar aquele cheiro no ar.
Quando chegou ao fim do corredor, ainda seguindo o rasto, havia mais um par de escadas. A única luz que as iluminava era o âmbar do alarme silencioso, que piscava como uma sirene da polícia.
Com a arma pronta a disparar, Eddie avançou pelas escadas, um degrau de cada vez, para que não cai-se nalguma armadilha que ali estivesse. Quando chegou ao topo das escadas, encontrava-se uma porta que abria para dentro. Pegando na maçaneta com a mão esquerda e na arma com a direita - dedo no gatilho – Eddie abriu a porta para encontrar mais um corredor vazio. Suspirando, avançou para o lado direito, sempre seguindo o rasto de Haley. Ao terceiro passo que deu, ficou repentinhamente cercado por Haleys, todas com os seus revolver apontados à cabeça dele.
- Olha quem nos veio visitar! Uma amostra de guerreiro. Ahhhh o Karl esta mesmo a ficar velho, já não treina como antes, como no meu tempo. Como as coisas mudaram…”
“Antigamente o Karl ainda dava luta quando capturava alguém das suas forças especiais com prémio na cabeça. Mandava um grupo ou dois dos suas elites capturar-me, claro que falhava e ainda ficava sem eles, mas olha, ao menos, entrego duas cabeças pelo preço de uma, das quais, uma é tão preciosa quanto Karl… ou talvez vos mate para o atrair, ainda estou por decidir. Claro que se o Karl aparecer em pessoa vocês iriam morrer sem qualquer tortura –  Continuou a voz mas com isto, um homem de cabelo de fogo, olhos verdes profundos, penetrantes, assustadores, apareceu entre as Haleys. Tinha uma presença determinada, uma pose de comandante, seguro de si mesmo. Estava sem dúvida na companhia do ilustre Hunter.
Três Haleys entraram para o meio do círculo em que me encontrava e obrigaram-me a pôr de joelhos, amarrando-me com uma corda. Por segundos, Eddie pensou que o fossem executar ali mesmo. Bem, tinha tido uma vida longa, preenchida… ahhh quem estaria ele a enganar! A vida dele tinha sido uma autêntica porcaria, durante séculos desejara nunca ter sido nascido. “Uma aberração!” Sempre lhe chamaram e com razão. Um cruzamento entre um lobo e um leão, imortal e com o poder de se metamorfosear para humano. Nem era o rei da selva, nem o da noite, nem o do dia. Ele não era nada até conhecer Haley. Tanto mudara… Esperança nascera. Coisa que lhe era desconhecida. Simplesmente vagueava pelo tempo, fazendo os recados ocasionais do seu “pai” Karl. Agora estava perto do seu fim. Grande diferença que faria…
Um dos un-dead, muitíssimo mal vestido, a tentar imitar um executador do século dezasseis quebrou o círculo. Trazia na sua mão um machado de guerra. O seu cabo era feito de madeira escura envernizada e a sua lâmina, que brilhava como a prata, continha uma espécie de símbolo celta da natureza. Naquilo um un-dead veio a correr com um pergaminho na mão. Hunter desviou a sua atenção do que se passava. Abriu o pergaminho e um ar aborrecido espalhou-se pela sua face. Ele suspirou e mandou o executador embora. Este, de tão zangado que estava por não trabalhar, mandou o machado contra a parede, cortando a cabeça de uma das Haleys ao meio, e foi-se embora. Após isso, Hunter mandou as Haleys livrarem-se dele, ou melhor, porem-no numa cela à espera de novas ordens.
- Hunter… - Eddie conseguiu balbuciar, captando a atenção do caça recompensas.
- Ah, afinal não sou tão anónimo como a tua colega dizia. Sempre há boatos, é bom saber.
Eddie tentou libertar-se das cordas quando Hunter foi para uma sala, mas a cada momento que passava, sentia as suas forças a sumirem-se. Também nunca conseguiria lutar contra as Haleys, mesmo que fossem só clones. Ele era incapaz de a ferir, mesmo que isso possivelmente o matasse. De repente, uma luz acendeu-se na sua cabeça e uma ideia surgiu-lhe mas no momento seguinte tudo se apagou. Eddie recebera uma pancada na cabeça que o deixara inconsciente.