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sábado, 22 de junho de 2013

Uma Flecha Que Voltou - Capítulo 6: Procura-se: não repetir o passado

Olá!
Aqui está o próximo capítulo acabado de sair do forno!
Espero que gostem! =]

Capítulo 6 – Procura-se: não repetir o passado.
Após aquele encontro com a mãe de Clare, evoquei a minha mota e parti sem destino. Não fazia a mínima ideia onde se encontraria Clare. E muito menos a quem recorrer. O tempo escasseava e a última coisa que eu queria era que ela morresse… Não, isso não é uma escolha, muito menos uma hipótese.
 Estacionei à beira de um precipício. Uma lagrima começou a desenvolver-se, sentia-me completamente sozinho, perdido. Estava cansado disto tudo. Logo agora que tinha reencontrado a minha preciosa Psiquê, tinha de aparecer Artemis e saber de tudo. Bolas! Quando é que me iam parar de chatear e deixar-me ser eu, Eros, o deus do amor.
Depois de me ter acalmado, parti para Olimpia. Tinha de começar por algum lugar e ficar na terra dos mortais não ajudaria. Havia muito que questionar e muito pouco tempo. Fui visitar Artemis, podia ser que ainda houvesse alguma hipótese de ela não ter feito nada. Por mais pequena que fosse…
Um homem com dois metros e cinco, cabelo preto como a noite e lábios e garras pretas, claramente Atlante, visto que esses deuses eram os únicos que possuíam a pele azul, saiu disparado do templo de Artemis.
- Olá Acheron, o que tens? - Perguntei-lhe, não era normal ver o chefe dos predadores da noite, um grupo de imortais espalhados por todo o mundo que caçam Daemons (vampiros que sugam as almas das pessoas para poderem viver mais uns anos), assim tão zangado.
- Oh… Olá Eros. Se fosse a ti não ia lá dentro… - Respondeu-me antes de desaparecer sabe-se lá para onde.
Eu, sinceramente, não queria minimamente saber o que tinha acontecido desta vez. Entre os deuses de Olimpia, corria um boato que eles tinham uma relação, estranha, mas uma relação. Muitas apostas era de que havia um caso entre os dois, outros ficavam-se apenas por pensar que as visitas fossem de amizade. A minha opinião era que Artemis tinha muito orgulho na sua reputação e mesmo que houvesse um caso, ela nunca o iria admitir. “Bem, altura de enfrentar a fera!” Pensei para mim mesmo.
Entrei pelo palácio imperial da senhora Artemis. Esta encontrava-se no seu trono, com o seu magnífico cabelo ruivo a brilhar como uma chama incandescente, visivelmente aborrecida.
- Precisas de alguma coisa? – Perguntou Artemis, sorrindo com malicia.
Eu controlei-me para não a insultar, era melhor calar-me e conseguir tirar a informação que precisava, mais tarde trataria da sua saúde.
- Sim, gostava de saber se sabias alguma coisa de raptos…
- Ela foi levada por Proteus, até ao reino de Hades, ou seja, ela está no inferno com alguém que ela pensa ser a tua fotocópia. Vai, põe-te a andar que eu não tenho disposição para mais jogos.
Ok… não estava à espera desta sinceridade repentina vinda de Artemis. Nota para futuros favores: ver se apanho a altura depois do Acheron discutir com ela.
Com isto, zarpei até à entrada do submundo. Paguei a moeda ao velho Caronte para atravessar o rio e ir ter com Hades. Para não variar, Cérbero, filho de Tifão, o destruidor de deuses, estava a dormir de olhos abertos e a encharcar o chão de baba à entrada da gruta que ia dar ao submundo. Que nojo. - Meu acorda! – Gritei-lhe.
O cão gigante de três cabeças levantou-se e espreguiçou-se.
- O que te trás aqui Eros? – Uma das cabeças perguntou-lhe curiosamente. Não estava no plano alguém aparecer lá, daí a sua pequena sesta. Nem tão pouco era normal ver Eros, embora que ele até gosta-se dele.
- Venho visitar Hades, um velho amigo dele lembrou-se de me tirar algo que me pertence. Está descansado que assim que a tiver, eu saiu. Permites-me a visita? – Perguntei-lhe, sabendo que isso ia dar uma carga de trabalhos. Cérbero era conhecido por não deixar sair ninguém de lá dentro.
- E o que ganhos com isso? – Perguntou-me.
Quando Artemis me disse que estava no submundo, preparei um bolo bastante grande de mel, o que Cérbero aceitaria para pagar a passagem. Mostrei-lhe o bolo, automaticamente começou a salivar. Ainda bem que continuava a uma grande distância dele, só para o caso de acidentes. Nunca se sabe, os cães são traiçoeiros e este era uma grande prova disso. E este momento serviu bem para não ficar todo babado.
- Tenho isto para ti mas só te entregarei no regresso. Agora deixa-me passar. – E com isso, ele permitiu-me a passagem, meio chateado porque queriam o doce agora, não logo.
Eu avancei para a gruta. A gruta era sombria, escura e rugosa. A meio, comecei a ouvir vozes, sorri ligeiramente. Era bom saber que Artemis não tinha mentido. Bem, também se tivesse mentido estava tramada. Era guerra na Terra, literalmente. Por mais doce que possa parecer, tenho um grande temperamento.
- O que é que você pretende fazer com ela? – Dizia uma voz grossa, claramente aborrecida por ter invasores no seu reino, afinal de contas quem é que viria esconder uma pessoa que é a reencarnação de uma das poucas pessoas que já cá tinha estado. Só mesmo aqueles com um ligeiro problema na cabeça de certeza.
- Bem, digamos que o passado vai repetir-se. – Uma segunda voz, ligeiramente mais fina, cheia de malícia, respondeu.
Seguiu-se um silêncio e, uns minutos mais tarde, cheguei finalmente ao fim da gruta para encontrar Hades sozinho no seu trono de ossos humanos numa sala enorme que tinha quatro portas, duas davam para os campos Elísios e Tártaro, outras duas deveriam ser para os seus aposentos. Ainda bem que estava sozinho, visto que ele não concordava muito com a ideia.
- Mais um? São os meus anos hoje? Ninguém se lembra de mim a não ser que queiram algo de mim. – Resmungou ao ver-me na entrada da gruta. Ele fazia-me lembrar uma criancinha mimada que não tinha recebido a prenda que queria.
- Sim, procuro Psiquê, Proteus ou uma fotocópia de mim, viste algum desses? - Respondi-lhe. Eu, sinceramente, não tinha nada contra ele, apenas não gostava dele. Por isso quanto mais rapidamente isto estava terminado melhor.
- Ah… sim, estão lá para o fundo algures, eu não sei, nem quero saber. Só quero que deixem de invadir-me a casa! – Hades respondeu-me, suspirando. O melhor é mesmo despachar-me porque isto vai rebentar. Pensando bem, esta disposição de Hades até pode vir a dar jeito …
Corri para a segunda porta do seu lado esquerdo, para a qual ele tinha apontado anteriormente. Com um grande encontrão, consegui abri-la. Do outro lado encontrava-se uma sala comprida, pouco iluminada. E na parede do fundo, parecia que estava uma coisa deitada no meio do chão, toda encaracolada. Era muito difícil de ver porque era numa das partes mais escuras.
Aproximei-me, cuidadosamente. Entrei em estado de choque.
Clare encontrava-se no meio do chão, ensanguentada. A roupa toda vermelha, cheia de sangue derivado dos golpes que não tinham bom aspecto. Estava acorrentada à parede e desmaiada. Como é que tinham coragem de fazer-lhe isto… Eu fui logo socorrera-la. Ela estava um pouco fria, com pouca cor. O seu batimento cardíaco muito fraco. Possivelmente teria poucos minutos de vida.

- Voltamo-nos a encontrar Eros.- Disse uma voz à entrada da porta. Um arrepio percorreu a minha espinha.