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quinta-feira, 28 de março de 2013

Uma Flecha Que Voltou - Capítulo 3: Psiquê

Olá! Trago-vos mais um capítulo. Espero que gostem! :D Ah, e boa Páscoa =)


Capítulo 3: Psiquê
                 Clare não acreditara no que acabara de ver. Era tão surreal, como se fosse tirado de uma história de fantasia. E o pior: ela sabia no fundo que era tão verdade quanto a sua existência. Ela não conseguira deixar de pensar no nome Psiquê. De onde viria? Depois, aquela sensação de vazio. Mexia profundamente com ela. Como era possível que uma pessoa se sentisse tão vazia e ainda assim sobreviver. Algo lhe dizia que a história não teria um final feliz. Clare ainda estava algo confusa. Passara por tantas emoções, sentimentos e memórias em tão poucos segundos…
                Clare sentou-se na borda do passeio, pousou os livros e tentou acalmar a terrível dor de cabeça que lhe aparecera por ter entrado demasiada informação de uma só vez.
Quando Clare ficou melhor, levantou-se e dirigiu-se ao seu carro. Tinha de ir para casa. Voltar para as aulas já não era opção, a campainha já tinha soado há bastante tempo e aquela era a sua última aula; procurar Caleb… esquece, já lhe causara problemas suficientes. Havia a questão dos livros mas isso resolver-se-ia quando se voltassem a encontrar. Por agora, algo mais urgente estava na mente dela. Clare simplesmente não conseguia tirar da cabeça quem seria essa tal rapariga e que ligação havia com o nome Psiquê que lhe ocorrera no fim.
Quando chegou a casa, Clare subiu para o seu quarto e abriu o seu portátil topo de gama cor-de-rosa.
- Ora bem, vamos lá ver então que segredo será esse. –Disse enquanto estalava as mãos. Após isso colocou no Google. Alma, mente, ego eram algumas definições que encontrou, mas nada era relevante para o caso. Até que, finalmente se cruzou com a rapariga da história. Psiquê: a paixão de Eros.
Ela nesta parte ia caindo para o lado… Eros era a fotocópia de Caleb. Mas que raio… voltando ao que acontecera hoje, ele realmente ia para dizer que se chamava algo começado por “E” e depois alterou para Caleb, “C”. C de cupido… será que isso é mesmo assim? Não, ela estaria a imaginar. Era impossível. Os deuses gregos não andariam assim, isto é, se existissem sequer. Não, ele era o Caleb e apenas o Caleb.
Clare sentiu um arrepio forte. O seu braço esquerdo começara a arder mesmo muito. Ela foi ver o que se passava com o braço e encontrou um grande sinal vermelho, o braço estava a ficar muito vermelho e quente. Em questão de minutos, o vermelho começou a ganhar a forma de uma chama e de uma seta, tal como a tatuagem de Caleb. Clare assustou-se e foi a correr para a casa de banho tentar tirar aquilo mas apenas piorava a situação. Uma dor de cabeça terrível invadiu-a e ela desmaiou, caindo no meio do chão da casa-de-banho.
Novas imagens invadiram-lhe a cabeça. Ela viu Psiquê e Eros a conversar à noite, viu a chegada dela a Olimpia, depois sentiu um grande sentimento de inveja por parte de um deus da família de Eros, viu Psiquê a ser raptada, torturada e levada para longe até que o impensável acontecera… Psiquê foi morta com um taco de espinhos venenosos pelo que parecia ser a bruxa do oeste do feiticeiro de Oz, mas a única diferença era que a pele era acinzentada e não verde como na história. Eros procurara a sua alma gémea por todo o lado mas não a encontrava. Durante centenas de anos, nunca se sentira assim por ninguém. Decerto que Psiquê se encontrava nos campos Elísios. Depois, tudo se apagou e Clare ficou desmaiada, a tatuagem ainda a formar-se.
                - Estou? – Respondi, atendendo o telemóvel. Aquele número não me era estranho. Ainda me encontrava à entrada da escola a observar, de longe, a fotocópia de Psiquê ao pé da minha mota.
- Olá Eros era mesmo contigo que precisava falar. Sabes, tenho aqui um problema filho. – Respondeu uma voz grossa, masculina. Bolas, o que é que este quer agora? Primeiro a minha mãe a chatear-me, agora o meu pai, que só quer saber de mim quando estão a ameaçar a sua querida cidade Thebes. – Sabes, eu queria a tua ajuda porque andam a tentar invadir a minha casa. A tua “tia” Artemis quer-me chatear a cabeça, então anda a reunir uns seres quaisquer, acho que também inclui centauros. Isso é o que me está a preocupar mais… então estava à espera que tu me pudesses ajudar. Anda lá filhote, só mais uma vez.
Eu detestava quando ele utilizava o termo “filhote”. Era só para me adoçar a boca mas não, desta vez não. Eu disse que estava de folga! Mas centauros? Será que a Artemis teve mesmo a coragem de ir pedi-los a Apolo? Expirando fundo disse a Ares que sim que iria ver o que se passava. Mas deixava-me o coração apertado ter de deixar Clare fora da minha vista por um minuto que seja… o que é que será que aconteceu para de repente me sentir assim por ela? Aos séculos que não me sentia assim por ninguém… desde… bem, desde Psiquê. Desde que ela foi morta pelos capangas do Ftono. Raio do deus da inveja, não pode ver ninguém feliz… se algum dia tenho o feliz prazer de me cruzar com ele… ai ele que fuja, para bem longe!
Escondi me atrás de uns arbustos que haviam perto da escola e teleportei-me para o templo do meu pai em Olimpia para encontrar uma voz feminina aos berros.
Artemis estava a discutir com Ares porque este lhe tinha estragado os planos de ocupação da Coreia do Sul sobre a do Norte através de leis políticas. Mas não, Ares tinha de ajudar os nortenhos a testar bombas nucleares e protegerem-se. Por isso iria aprender uma excelente lição!
- Artemis, o que é que se passa? – Perguntei-lhe, entrando pelo templo a dentro. Os deuses de Olimpia não se podem matar uns aos outros, isso estragaria a sua perfeição é claro, mas amaldiçoar ou causar danos em “certas” cidades já era outra história.
- Ah nada, estava apenas a ter uma conversa com o teu paizinho. – Disse Artemis, continuava a olhar para Ares. O seu cabelo estava mais vermelho que alguma vez vi. Bolas, estava mesmo zangada… Naquilo, Artemis começou a olhar profundamente para o meu braço.
- Eros, o que andaste a fazer? – Artemis disse curiosamente, aproximando-se lentamente de mim, não desviando o seu olhar do meu. Ares, que assistia à cena toda, deslocou-se para a porta de modo a tentar encerrar o templo para ninguém entrar.
- Eu? Nada porquê? – Respondi-lhe de coração aos pulos. Não precisava de olhar para o braço para saber o que Artemis estava a ver. Eu ainda sentia o ardor da tatuagem no braço. Tinha-me esquecido completamente! Estou feito ao bife…
- Será que estou a ver bem? Isso está a brilhar tal como antes de Ftono. Parece-me que estás apaixonado Eros! Que informação mais valiosa… - Artemis disse pensativa.